quinta-feira, 8 de janeiro de 2009

De lá pra cá...

Os dias passaram, mas a sede de justiça não. Enquanto o Movimento das mulheres que lutam junto com seus companheiros aprasquianos pela dignidade dos seus se articulava para mais uma batalha, o governo insano de Luiz XV – parafraseando o deputado Sargento Amauri Soares – aclamava aos soldadinhos de chumbo para se equipar de seus artefatos bélicos. Aqueles que se negaram a vestir a armadura foram excluídos do exército do imperador. Bom para eles!

Deixando de lado o lado poético desta não-ficção, e falando em caráter mais eficaz e informativo dou meu parecer aos fatos:

Do dia 22 ao dia 27 de dezembro de 2008 não faltaram guerreiros e guerreiras (veja bem, disse guerreiros e não guerrilheiros) para enfrentar a batalha do bem contra o mal nessa luta incansável pelo cumprimento da Lei 254 e demais direitos garantidos aos servidores da base da segurança pública. Aliás, não posso deixar de comentar o adjetivo infeliz que o senhor governador empregou a essa categoria: guerrilheiros! Gente, eu poderia até argumentar que ele só podia estar bêbado quando cometeu tal disparate, mas isso não seria novidade... Cogitei a hipótese de ele ter cometido um erro de linguagem, tropeçando na língua como lhe é de costume, tal como nas próprias pernas também... Mas tive a certeza de que o homem, que hoje pode ser sem pudores chamado de o maior caloteiro do Estado, quis mesmo ofender aqueles que tanto já fizeram “por toda Santa Catarina”.

Que dá vontade de escrever aqui um monte de coisas verídicas e nada bonitas sobre o tal sujeito dá, mas prefiro usar o espaço para exaltar a força do povo realmente trabalhador, dos que não fogem da luta, dos que embora, sofridos e chicoteados pelas mãos da ganância capitalista, não deixam de acreditar que a justiça existe e será feita. Estou falando dos tantos homens e mulheres que ainda têm hombridade nesse mundo. Daqueles que saíram do conforto de suas casas e foram às ruas reivindicar seus direitos. Direitos esses surrupiados pelo poder inconseqüente de gente sem caráter, de uma penca de politiqueiros corruptos e sem vergonha na cara.

O que se viu em Santa Catarina nos últimos dias de 2008 e agora novamente na tarde de ontem foi uma amostra de que pode existir sociedade organizada, de que existe gente que não abaixa a cabeça, nem fecha os olhos para a injustiça, de gente que está disposta a se sacrificar em prol da verdade. Não vou citar aqui o catálogo de absurdos promovidos pelo governo de LHS, principalmente aos servidores da segurança pública e quando digo SERVIDORES, estou me referindo àqueles que realmente trabalham para ajudar a sociedade e não a meia dúzia de capachos (oficiais) que se penduram nas pernas bambas e língua travada do governador a fim de manter seus cargos de ditadores da nossa pequena província.

A sociedade precisa saber: homens de bem estão sendo punidos, humilhados, enxovalhados por um poder hierárquico corrompido pela presunção ridícula de um regulamento arcaico e desumano existente dentro da instituição da Polícia Militar. Estamos de volta à época da censura, completamente paradoxal aos dias atuais. Voltamos à lei da mordaça, voltamos ao tempo dos senhores feudais... Não é possível aceitar essa regressão humana e social, não é possível que ainda exista gente que se agarre a bandeira do conservadorismo para destilar o preconceito, para criminalizar os movimentos sociais, para chamar de vagabundos e baderneiros aqueles que não aceitam a opressão de um governo ditador.

Está mais do que na hora do povo se organizar e dizer não a essa falta de respeito com os trabalhadores. De dizer não a falta de políticas públicas que defendam o bem comum a TODA a sociedade e não apenas a meia dúzia de abutres magnatas. Estamos cansados de ver tanta baixaria, estamos cansados de ver o rico ficar cada dia mais rico e o pobre mais pobre. Estamos cansados de desculpas esfarrapadas, de discursos demagógicos... Estamos cansados, mas não estamos mortos!

Kelen Oliveira

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